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Imagine que vai ao supermercado e tenta fazer compras, mas dizem-lhe que o cartão foi recusado. Sugere pagar em dinheiro, mas este supermercado, como muitos na sua zona, baniu-o e aceita apenas cartões. Consequentemente, não consegue pagar e é obrigado a sair sem as compras que queria. Enquanto sai, começa a receber e-mails, mensagens e chamadas dos prestadores de serviços públicos. Não receberam o pagamento pelos serviços e ameaçam cortar a Internet, eletricidade, água e gás. Liga ao banco para tentar perceber o que se passa. Depois de ficar em espera uma hora, finalmente consegue falar com o apoio ao cliente que lhe diz que todas as suas contas bancárias foram encerradase recusa-se a explicar por que razão isso aconteceu. Em poucas horas, a sua vida ficou virada do avesso, a conta que usa para comprar as necessidades básicas desaparece e não tem nenhuma explicação, nenhuma resposta e não sabe o que fazer. Depois do choque inicial, decide que o melhor a fazer é abrir outra conta bancária e começar do zero, mas quando tenta criar novas contas, são rejeições umas atrás das outras. Percebe que não só perdeu a conta bancária de que depende como foi colocado na lista negra de todo o setor bancário e nunca mais terá acesso aos serviços necessários para o comércio na era digital moderna.
Tornou-se realidade
Este cenário assustador pode parecer algo que só aconteceria num romance distópico de ficção científica, mas para algumas pessoas no Reino Unido, tornou-se uma realidade. Em junho, o antigo líder do Partido do Brexit, Nigel Farage, revelou que enfrentava o que descreveu como sendo “uma grave perseguição política” do setor bancário britânico. Recebi uma chamada há alguns meses a dizer que iam fechar as minhas contas. Perguntei porquê, não me deram um motivo. Disseram que me chegaria uma carta que explicaria tudo. A carta chegou e dizia apenas que iam fechar as minhas contas, que queriam ter tudo concluído até uma certa data, que é por volta desta altura. Não sabia o que pensar daquilo. Reclamei, enviei e-mail ao presidente do banco, um lacaio ligou-me a dizer que foi uma decisão comercial. Devo dizer que não acredito em nada disso. Portanto, pensei: “Então, tudo bem. Terei de encontrar outro banco. “Já fui a seis, não, sete bancos, na verdade, perguntei a todos se podia ter uma conta pessoal e empresarial e a resposta tem sido “não” em todos os casos. Não há nada de irregular ou invulgar naquilo que faço. Os pagamentos que entram e saem todos os meses são praticamente os mesmos. Mantenho na minha conta empresarial um saldo de caixa bastante grande e positivo, o que é bastante bom para o banco com as atuais taxas de juro.
Farage disse que o encerramento de contas fê-lo sentir-se uma “não-pessoa” e propôs três teorias para explicar por que razão crê que o sistema bancário se distancia dele. Uma das teorias de Farage é que o seu papel na defesa da saída da Grã-Bretanha da União Europeia o tornou uma “persona non grata” nos círculos bancários. Farage especulou que a sua posição política também pode ter sido um fator. Especificamente, afirmou que uma regra que exigia aos bancos um escrutínio adicional às contas “de uma pessoa com exposição política”, uma designação que se aplica muito a políticos e às suas famílias, pode ter causado o encerramento da conta. A regra foi criada para evitar a possibilidade de subornos estrangeiros e Farage percebe o raciocínio por trás dessas precauções. No entanto, enfatizou que a carga regulamentar adicional dos bancos devia ser proporcional. Em terceiro, Farage mostrou-se preocupado sobre alegações feitas pelo legislador trabalhista, Sir Chris Bryant, no ano anterior. Bryant afirmara que Farage recebera uma quantia elevada de dinheiro, especificamente 548 573 libras do órgão de imprensa russo controlado pelo Estado, Russia Today, em 2018. Farage negou veementemente essa afirmação, dizendo que “nunca recebeu dinheiro de fontes ligadas à Rússia”.
Pedido de acesso do titular
Farage fez depois um pedido de acesso do titular ao Coutts, o banco que lhe encerrou as contas, para saber por que motivo o fizeram. Os pedidos de acesso do titular são um direito legal no Reino Unido que permite aos cidadãos obterem a informação pessoal que uma organização detém acerca deles mediante um pedido. O relatório de 40 páginas que Farage obteve em resposta ao pedido de acesso do titular indicava que o Coutts não encerrara as contas do antigo líder do Partido do Brexit por questões financeiras. Aliás, o relatório admitia que a contribuição económica de Farage era de confiança e que os seus fundos “são suficientes para reter numa base comercial”. Ao invés, o Coutts encerrou a conta de Farage porque as posições dele “não estão alinhadas com os nossos valores”. O banco decidiu depois de “um comité de risco reputacional” rever o relatório que continha vários motivos pelos quais Farage “não era compatível com o Coutts”.
O relatório citava Farage desalinhado com critérios ESG (ambientais, sociais e de governação)e a posição do banco acerca da diversidade, a sua oposição à neutralidade carbónica, o seu apoio à estrela do ténis Novak Djokovic, o seu apoio ao antigo Presidente dos EUA, Donald Trump, as suas críticas ao Rei Carlos III, feitas antes de Carlos se tornar rei, e “a imprensa adversa” a Farage. Adicionalmente, o relatório referia o Brexit, uma nominalização que se refere à saída da Grã-Bretanha da UE, 86 vezes, Chris Bryant duas vezes e a Rússia 144 vezes. Apesar de referir várias vezes a Rússia, o relatório admitiu que não havia provas de que Farage tinha ligações diretas ou indiretas à Rússia. O relatório também afirmava que o antigo líder do Partido do Brexit é visto como sendo “racista” e “xenófobo”, uma alegação que Farage descreveu como “uma calúnia horrível”.
Não só este relatório nos deixa espreitar os bastidores sinistros das medidas que os bancos britânicos usam para justificara desplataformização de clientes que não têm a sua posição como também revela que ficam do lado de grupos ativistas pró-censura quando tomam estas decisões. O grupo ativista do Reino Unido HOPE not hate, que apoia a desplataformização e banir livros que consideram racistas é citado seis vezes no relatório em secções relacionadas com alegado “racismo e/ou xenofobia”, “questões de género”, “ligações a Trump” e “teorias da conspiração”. Farage descreveu “o relatório ao estilo da polícia secreta nazi” como chocante e arrasou o Coutts por lhe fechar a conta com base em acusações de que não segue os valores do banco. Vamos ser claros.
A decisão de se livrarem de mim não foi financeira. Foi feito porque eu não encaixo nos valores deles, de certa forma. Foram resgatados por nós, têm o dever de gerir um negócio comercial com lucro, mas não, são os guardiões morais de tudoe isso deve-se à investida nos setores corporativos públicos e privados, de instituições de esquerda que querem mudar o mundo atual, organizações como a Stonewall, nos levaram exatamente ao ponto a que chegámos. A experiência de Farage demonstrou o poder dos bancos britânicos para privar arbitrariamente qualquer um, mesmo alguém tão conhecido e bem relacionado como ele, de um dos serviços mais essenciais na vida sem terem sequer a cortesia de explicar porquê, a menos que sejam obrigados por um pedido de acesso do titular.
Outras vítimas
E o seu testemunho inspirou outras vítimas de encerramento de contas no Reino Unidoa denunciarem e chamarem a atenção para a disseminação desta prática sinistra.
O reverendo Fothergill, um pastor anglicano reformado de Windermere, Cumbria, afirmou que a Yorkshire Building Society lhe disse que a sua conta seria encerrada depois de ter protestado contra a empresapor alegadamente tentar impingir “a ideologia LGBT”. A Yorkshire Building Society respondeu às alegações dizendo que adotara “uma abordagem de tolerância zero” à discriminação e defendendo que a relação com o pastor” tinha sido quebrada irrevogavelmente”.
Henrik Overgaard Nielsen, antigo eurodeputado, revelou que a sua conta no MetroBankfoi encerrada enquanto era eurodeputado em janeiro de 2020. Nielsen disse que não obteve explicação para o encerramento, mesmo depois de uma queixa formal.
A professora Lesley Sawers, a comissária para a Igualdade e Direitos Humanos da Escócia, disse que o Royal Bank of Scotland, onde tinha conta bancária há mais de 32 anos, encerrou a sua conta sem dar explicações.
Até o atual ministro das Finanças, Jeremy Hunt, foi afetado pela onda de encerramento de contas que assolou o país. Antes de ser nomeado ministro das Finanças, Hunt alegadamente disse aos colegas que o banco online Monzo recusara criar-lhe uma conta e estes são apenas alguns dos muitos exemplos de desplataformização financeira que os cidadãos do Reino Unido partilharam desde que Farage revelou estas práticas.
Paypal
A recente série de encerramentos surge menos de um ano após vários outros grupos e indivíduos britânicos proeminentes serem desplataformizados financeiramente pelo gigante tecnológico americano PayPal. Em setembro de 2022, as contas no PayPal do grupo pró-liberdade de expressão The Free Speech Union, site de notícias The Daily Sceptic e o fundador destes sites, Toby Young, foram encerradas. Na altura, Young disse que suspeitava que o encerramento das contasse devia a alguém do PayPal “não gostar muito da liberdade de expressão” e que a “perda de receitas resultante será altamente disruptiva”. O PayPal não referiu diretamente o encerramento de contas, mas disse: “Atingir o equilíbrio entre proteger os ideais da tolerância, “diversidade e respeito de pessoas de todas as origens”e proteger os valores da liberdade de expressão “e diálogo aberto pode ser difícil, “mas fazemos os possíveis para alcançá-lo. “No mesmo dia em que Young revelou que o Paypal fechara estas contas, o grupo de pais britânicos UsForThem revelou que também fora desplataformizado pelo PayPal. O grupo disse que após a proibição, não conseguiu ter acesso a milhares de libras de donativos. A fundadora do UsForThem, Molly Kingsley, disse que o Paypal não ofereceu “nenhum aviso prévio ou explicação significativa” para o encerramento da conta. Kingsley acrescentou: “É extremamente difícil não concluir que este é um cancelamento” com motivações políticas de uma organização “que de alguma forma ofende o PayPal. “As contas de Young no PayPal acabaram por ser restauradas, mas a conta do UsForThem continua banida.
Governo britânico
O governo britânico alegadamente está “profundamente preocupado” com os casos de censura financeira no país e espera-se que o Tesouro diga aos bancos que devem proteger a liberdade de expressão. Porém, enquanto o governo afirma estar preocupado com as listas negras financeiras, passou quase uma década a impingir a tecnologia que permite que esta prática seja ainda mais prevalente. O Banco de Inglaterra fala de moedas digitais desde 2014e propõe que os bancos centrais emitam moedas digitais, CBDC, desde o início de 2015. O governo britânico pediu informações sobre moedas digitais em 2014 e tem pensado em moedas digitais de banco central desde 2017e o PayPal, a empresa que desplataformizou vários cidadãos, trabalhou com o Banco de Inglaterra e o Ministério das Finanças numa moeda digital de banco central.
As moedas digitais de banco central são uma ferramenta temível de censura financeira que permite aos governos e bancos centrais controlarem completamente o que compra e tem. Este controlo consegue-se ao programar a moeda e o Banco de Inglaterra é adepto desta capacidade. Em 2021, Sir Jon Cunliffe, o vice-governador do banco, elogiou a forma como as moedas digitais de banco central podiam ser programadas para restringir as compras e deu o exemplo de uma moeda digital de banco central ser programa para impedir a compra de guloseimas. Tom Mutton, o diretor da tecnologia financeira do Banco de Inglaterra, responsável pela moeda digital de banco central do Reino Unido, também reconheceu que a capacidade de programação pode resultar “numa restrição das liberdades das pessoas”. Quando visto no contexto da recente desplataformização financeira no Reino Unido, esta capacidade de programação é alarmante. Em vez de funcionários do banco decidirem encerrar contas a título individual, a desplataformização pode ser programada na moeda em grande escala e de forma automática. As moedas digitais de banco central também têm pouca privacidade comparado com o dinheiro. O dinheiro é anónimo, mas as moedas digitais de banco central são pseudónimas, ou seja, as transações estão ligadas a um identificador não pessoal ou ligadas a uma identidade, ou seja, as transações estão ligadas à identidade da pessoa. O chefe das moedas digitais de banco central no Reino Unido deixou claro o seu desdém pelo anonimato financeiro descrevendo o anonimato como “um problema de políticas públicas e algo que não devia continuar”.
Também confirmou que a moeda digital britânica de banco central, a libra digital, não será anónima. Não só a libra digital privará os utilizadores da capacidade de fazer transações anonimamente como os relatórios indicam que pode ter componentes de identificação digital que podem verificar a idade da pessoa, estatuto de cidadania e controlar a compra de artigos com restrições de idade como o álcool e cigarros. Este ano, o governo e o Banco de Inglaterra aceleraram o trabalho nas moedas digitais de banco central. Em fevereiro, o governo declarou: “É provável que a libra digital seja necessária” e lançou uma consulta sobre uma moeda digital de banco central que decorreu até 30 de junho. Em junho, enquanto esta consulta ainda decorria, o Banco de Inglaterra atribuiu o seu maior contrato relacionado a moedas digitais de banco central a Kin + Carta, uma empresa de consultoria para a criação “de uma carteira de prova de conceito e investigação” acerca da moeda digital de banco central”.
O Banco de Inglaterra e o Banco de Compensações Internacionais, uma organização internacional influente que pertence a 63 bancos centrais que representam cerca de 95% do PIB do mundo, também participou numa experiência conjunta de moedas digitais de banco central em junho enquanto ainda decorria a consulta das moedas digitais de banco central. Esta experiência produziu 33 funcionalidades do interface de programação de aplicações, que permitiria que instituições públicas e privadas interagissem com uma moeda digital de banco central no retalho e observou mais de 30 casos dessa utilização no retalho.
Após encerrada a consulta da moeda digital de banco central, os relatórios revelaram que sofrera uma onda de reações negativas da população que estava preocupada com a forma como a libra digital iria corroer a sua privacidade. Mas apesar de os cidadãos deixarem claro que não querem uma moeda digital de banco central, o governo britânico e o Banco de Inglaterra continuam a impingi-la. Agora, tencionam passar os próximos dois a três anos numa fase de conceção da libra digital e podem lançar a moeda digital de banco central antes de 2030. O governo britânico pode falar muito no que toca a opor-se à desplataformização financeira, mas as ações valem mais do que as palavras. As moedas digitais de banco central são uma tecnologia orwelliana que abre caminho para um futuro onde os governos controlam completamente o que compramos e podem ver todas as transações. E com a censura financeira a afligir o Reino Unido, o governo redobrou esforços nas moedas digitais de banco central e continua a caminhar para a distopia digital que elas trazem.
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